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Como é a esperança?

Foto do escritor: Mary ChimbiliMary Chimbili

Atualizado: 11 de jun. de 2024


Esperança. Parece uma palavra tão simples.


Veja Fernanda* (nome alterado para privacidade). Veja a sua alegria, a sua energia, a vida em seus olhos.


Desde 2007, quando tinha 16 anos, ela convive com a dor, a indignidade e a vergonha da incontinência fecal e urinária causada por fístula obstétrica, como resultado de um parto obstruído, sem acesso atempada a cuidados médicos adequados.


Ela também perdeu o filho, sofrendo uma traumática remoção vaginal do bebê nadomorto com instrumentos médicos.


Ela sempre dizia: “Deus não existe. Se Deus existisse eu não sofreria assim”. Fernanda ficou sem dinheiro para comprar fraldas para si mesma. Ela usava panos e trapos, mas eles não eram absorventes o suficiente e se desintegravam com o tempo devido às lavagens constantes.


Um dia ela até tentou se enforcar até a morte, em uma árvore em seu quintal. Ela foi salva pelo marido, que saiu no momento em que ela derrubou a cadeira em que estava. Ele cortou o cordão e a fez prometer que não faria isso novamente. Ele permaneceu fielmente ao lado dela todos esses anos.


Como pode alguém que estava tão desesperada mostrar tanta alegria e esperança agora?


Apesar de viver em Luanda, capital de Angola, Fernanda passou mais de uma década acreditando que não havia cura para o seu sofrimento. Depois, em 2021, um líder religioso levou-a para uma maternidade em Luanda, onde o seu problema foi diagnosticado como fístula obstétrica. Disseram-lhe que havia cura e foi marcada uma data para sua cirurgia.


Mas ela não tinha dinheiro. A cirurgia foi gratuita, mas ela não teve como se deslocar ao hospital para a cirurgia na data marcada por falta de valores. Demorou um ano para ela arrecadar o dinheiro apenas para viajar dentro da mesma província até o hospital para fazer uma cirurgia. Em 2022 foi operada pela primeira vez pelo Dr. Paolo Parimbelli, com financiamento da Fistula Foundation. Então ela foi operada novamente. E finalmente, ela está connosco no Cuito depois de ter sido submetida à sua terceira cirurgia reparadora.


Fernanda não perdeu a esperança. Ela carrega o peso do seu sofrimento, da discriminação que sofreu, mas não perdeu a esperança.


Aqui nesta foto ela está cantando com a equipe de Reintegração de Votoka. Ela está aprendendo a costurar e fazendo uma saia para usar com orgulho. Ela compartilhou sua história com nossos conselheiros de trauma, que ficaram profundamente comovidos e tocados por sua dor e por sua força.


Esperança é possibilidade.


Esperança é fé de que as coisas podem melhorar.


Esperança é amor.


O amor que recebeu do marido e da igreja a sustentou, mesmo quando sentiu que Deus a havia abandonado. O amor dos doadores que apoiam as operações de reparação e os programas de reintegração tornaram possível que ela voltasse a sentir alegria.


Fernanda é uma guerreira, uma lutadora e um ser humano extremamente corajoso. Agradecemos a ela por compartilhar sua história conosco e com o mundo.


Gostaríamos também de agradecer à Hope for Our Sisters e à Fistula Foundation, nossos doadores, que tornaram possível o desenvolvimento do nosso programa de reintegração. A partilha desta história é inspirada na Hope for Our Sisters e no trabalho que elas fazem e apoiam.


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