top of page

Primeira Conferência Nacional sobre o Papel da Igreja na Prevenção de Fístula Obstétrica Realizada no dia 27 de Março 2025

Atualizado: 31 de mar.


Abertura de Primeira Conferência Nacional sobre a Fístula Obstétrica
Abertura de Primeira Conferência Nacional sobre a Fístula Obstétrica
Oração (Sec. Est. Dr Inocêncio, Sec. Ger. CICA Rev. Agostinho, Dir. Votoka Mary Chimbili)
Oração (Sec. Est. Dr Inocêncio, Sec. Ger. CICA Rev. Agostinho, Dir. Votoka Mary Chimbili)

A Associação Votoka, junto com o nosso parceiro o Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA), realizou-se na quinta-feira dia 27 de Março 2025 a primeira conferencia nacional sobre a fístula obstétrica com a tema "O Papel da Igreja na Prevenção de Fístula Obstétrica". O evento, que focou-se nas medidas de prevenção desta terrível lesão do parto, foi realizado com o apoio dos doadores de Votoka: Hope for Our Sisters, Fistula Foundation, e SafeBirth4All Initiative. A Sua Excelência, Secretário de Estado para Serviços Hospitalares, Dr. Leonardo Europeu Inocêncio, abriu o evento em nome da Ministra da Saúde Dra Silvia Lutucuta. A fístula obstétrica é um furo no canal vaginal, seja para a bexiga ou para o reto - o furo (ou buraco) faz com que a mulher fique totalmente incontinente de urina e/ou de fezes. É uma complicação do parto causada por trabalho de parto obstruído e prolongado. A fístula obstétrica também pode acontecer por erro médico durante uma cirurgia, ou por trauma de acidente ou abuso sexual. A inspiração atrás da Associação Votoka, a enfermeira Holandesa Petra Jobse, que dedicou mais de 20 anos da vida dela para a saúde dos angolanos, sempre diz que "prevenir é melhor do que tratar. Enquanto a fístula obstétrica tem cura através de uma intervenção cirúrgica, ainda existem mulheres que nunca podem ser curadas cirurgicamente e tem que viver o resto de vida delas incontinente por causa desta lesão do parto. Tratando só, nunca vamos acabar com fístula obstétrica, temos que prevenir!" Estimamos que há mais de 20mil angolanas a viver com o sofrimento e indignidade de fístula obstétrica - e cada ano o número aumenta. Este evento reuniu-se vários actores que trabalham na área de tratamento e prevenção de fístula obstétrica incluindo: os técnicos de programa de fístula obstétrica de Votoka (Mary Chimbili, Elisa Raul, Chilombo Veronica Jolomba, e Agostinho Sambaca), a cirurgião de fístula e Directora de Hospital Materno Infantil de Camama Dra Manuela Mendes, a cirurgião de fístula e coordenadora de programa de saúde materna no Hospital Evangélico de IESA de Kaluquembe a Dra Priscila Cummings, e a Coordenadora de Programa de Reintegração de Aftercare de Fístula Obstétrica no Centro Evangélico de Medicina de Lubango (CEML) a Sra Edme Cachicata Francisco. Também houve palestras de Dr. Rev. Alexandre Raul de Aliança Evangélica de Angola sobre o Planeamento Familiar no Contexto Religioso, e Dr Mansitambi Luz de Direcção Nacional de Saúde Pública sobre a importância de aleitamento, nutrição e consultas pré natais. Os convidados incluíam representantes que viajaram de Moxico, Lubango, Kaluquembe, Huambo, e Cabinda.





O objetivo do evento foi de consciencializar todas as igrejas de Angola sobre a fístula obstétrica e sobre acções concretas que podiam realizar para prevenir que mais mulheres morrem no parto ou sofrem de uma fístula obstétrica. Prevenindo a fístula obstétrica também salvará a vida de muitos bebês, porque 95 em cada 100 mulheres com fístula perderam o bebê no parto. A prevenção de fístula obstétrica é algo abrangente e multi-sectorial. Mas isto não significa que é impossível!


No evento, a sobrevivente de fístula curada em 2024, Isabel, contou como ela sofreu por 11 anos com a fístula obstétrica. Ela contou dos abusos, do abandono da família, dos efeitos psicológicos, até de vontade de não viver mais. A Isabel disse que ainda não acredita que ela está curada, e que a cura psicológica de trauma continua. A Votoka e a CEML oferecem aconselhamento de trauma como parte dos programas de reintegração, e isto tenha ajudado a Isabel. Porque a fístula é mais do que uma lesão física, também cria tanto sofrimento psicoemocional. A cura também tem que atingir este lado da pessoa!


Cada contribuição, por menor que seja, faz uma diferença. Mesmo se salva só uma única mulher de indignidade e sofrimento de fístula obstétrica, é uma contribuição enorme para a vida desta mulher! E se for para prevenir, pode ainda salvar a vida de bebê também!


As nossas sugestões para as acções de igreja inclui:

  • ensinando as congregações sobre a fístula obstétrica

  • encorajando as mulheres grávidas de fazer consultas pré natais

  • encorajando as mulheres grávidas de fazer ao mínimo 1 ecografia por cada gravidez

  • identificando mulheres com mais risco de acontecer fístula obstétrica -- 1º parto, adolescente, baixa altura (1.5m e menos)

  • apoiando as mulheres com mais risco ou que vivem distante de hospitais com condições de obstétrica de emergência para relocar mais próximo de hospital no último mês de gravidez

  • estabelecendo "casas de espera" de igreja

  • promovendo casamento e gravidez na idade certa (depois das 20 anos)

  • promovendo planeamento familiar no contexto religioso

  • ensinando os casais e as famílias sobre um "plano de parto" e como se preparar em caso de emergência

  • incentivando famílias para focar na nutrição das crianças para que crescem bem

    • Consumo de soja, ginguba e feijão

    • Consumo de folhas verdes e frutas

    • Aleitamento materna exclusivo para os primeiros 6 meses

  • promover o direito de mulher de ter um parto seguro


Estamos muito orgulhosos de todos envolvidos na preparação do evento e com a esperança que isto seja o primeiro evento que abre a conversa nacional sobre a Prevenção de Fístula Obstétrica. Agradecemos muito aos parceiros CICA pela entrega total da realização do evento, e aos doadores pelo apoio e confiança!




Comments


bottom of page